Em 1933, o dramaturgo alemão
Hanns Jost escreveu, numa crítica
aguda ao nazismo de Adolf Hitler,
a seguinte fala: "Quando ouço a palavra
cultura, saco logo meu revólver".
Luiz Roberto Alves nos propõe, neste
ensaio, algo no espaço diametralmente
oposto. É como se os personagens deste
de seu livro estivessem respondendo,
na vida prática, afirmando: "Quando
sinto a palavra barbárie, saco logo a
nossa cultura".
Alves, professor da Escola de Comunicações
e Artes e administrador
com larga trajetória na vida pública,
volta aos anos 1930 para analisar a breve
experiência de administração da cidade
de São Paulo pelo prefeito Fábio
Prado e pelo diretor do Departamento
de Cultura e Recreação Mário de Andrade,
ladeados por nomes como Sérgio
Milliet, Oneyda Alvarenga, Paulo
Duarte e Luiz Saia, entre outros.
A trajetória modernista explica
parte da renovação, bem como uma
recompreensão da ideia de cultura que
cria experiências inovadoras e democratizantes,
como as escolas infantis
dentro de parques e praças municipais
e as bibliotecas circulantes.
Mário de Andrade e seus amigos
se lançam neste desafio administrativo
com paixão, criatividade e trabalho.
Coragem que seria "recompensada"
pela elite brasileira com o sumário
afastamento de Mário do cargo público,
logo após a nomeação de Prestes
Maia para a Prefeitura, em 1938, e a
subsequente tentativa de desmontar
tudo o que fora construído.