Escrever sobre competências sociais, sobretudo quando aplicadas ao contexto escolar, constitui simultaneamente uma necessidade e um risco. Uma necessidade, dado que não é fácil encontrar no mercado editorial português um qualquer tipo de publicação que aborde esta temática de forma aprofundada e que tenha em conta o que a investigação especializada tem produzido nos últimos anos. Uma necessidade ainda, porque essa mesma investigação evidencia a importância decisiva destas competências para o sucesso escolar, vocacional, profissional, conjugal, familiar, social, etc. Um risco, porque este conceito tem servido para sustentar práticas escolares de acordo com as quais as escolas são fundamentalmente locais de socialização e (muito) secundariamente locais de aprendizagem académica, perspetiva com que, de todo, não nos identificamos. Espera-se com este livro evidenciar que as competências sociais podem e devem ser ensinadas, relembradas ou treinadas a qualquer hora e a qualquer momento, pelo que, prever espaços próprios, disciplinados ou sessões específicas para o fazer, constitui não só uma perda de tempo, como se revela contraproducente. Na verdade, para ser útil e eficaz, o ensino e prática das competências sociais deve ter um peso significativo mas não desmesurado e sobretudo não pode sobrepor-se sistematicamente s aprendizagens académicas, das quais aliás, essas competências em larga medida dependem e derivam.
