Justiça infame analisa representações das elites sobre o escravo na segunda metade do século XIX e a influência de fatores polÃticos sobre o Poder Judiciário imperial. Tem como pano de fundo o estudo de um crime ocorrido em 1876, em São LuÃs, Maranhão, atribuÃdo à senhora Ana Rosa Viana Ribeiro, personagem abastada e casada com um polÃtico influente. O suposto assassinato de Inocêncio, criança escravizada de oito anos, levou à prisão e à acusação da senhora pelo Tribunal do Júri. Aquele foi um caso sem precedentes na história do Judiciário maranhense, pois desafiou os limites do poder senhorial sobre sua propriedade escrava, além de adquirir destacada repercussão na provÃncia e mesmo na Corte. Contribui, por isso mesmo, para o entendimento da Justiça e da polÃtica no Império a partir de uma localidade periférica. Distante do Centro-Sul do paÃs, o Maranhão tensionou as regras projetadas para o Império, imprimiu traços peculiares à armação burocrática pensada para a nação e certamente inventou formas diversas de corrupção das instituições do século XIX.